quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Fé e Politica


Política e religião são temas que costumam levantar discórdias e polêmicas apesar de muita gente defender que isto não se discute. Ao questionar sobre a participação de candidatos que se apoiam na religião como plataforma para a sua candidatura, Marco Túlio de Souza, professor de comunicação na Universidade do Estado de Minas Gerais, confirma que é uma participação perigosa quando esta se dá com o envolvimento do clero se candidatando. Porque querendo ou não, existe certo tipo de relação com a população que potencialmente vai ser seu eleitorado, pela relação que é estabelecida entre o candidato e os frequentadores de cultos, do qual é oriundo o suposto candidato.
Essa relação é frequentemente criticada por parte da população, levando indivíduos a tomarem decisões menos racionais e mais pautadas pela fé, direcionando essas pessoas a acreditar que estão votando em um candidato que representa Deus e desviando do princípio que a obrigação do candidato é defender os benefícios sociais.
O Professor enfatiza que não se deve apenas defender um nicho da população, nesse caso os interesses das tradicionais famílias cristãs, e esquecendo as necessidades das pessoas sem religião, mulheres divorciadas, homossexuais ou outros pequenos grupos, que julgam não se adequar aos valores da tradicional família cristã brasileira.

Política e Religião
Professor da UEMG analisa as problemáticas acerca dos candidatos evangélicos

A polêmica em torno dos candidatos evangélicos e do voto dos evangélicos de acordo com o professor e jornalista Marco Túlio é que esse tipo de voto não é direcionado como se pensa. Existem vários grupos de evangélicos ou protestantes no país, embora todos tenham a reforma protestante como algo em comum, eles se distinguem entre os tradicionais grupos protestantes oriundos da reforma ocorrida no século XV (a exemplo a igreja presbiteriana), os pentecostais (mais representados pela Assembléia de Deus) e os neopentecostais (destacando a influência da Igreja Universal).
O entrevistado pondera que por toda essa diversidade e diferentes formas de interpretação Bíblica não existe uma padronização de votos. Com isso a candidata Marina, ou mesmo o Pastor Everaldo e Levi Fidelix, não garantem nem mesmo os votos em potencial de seus principais grupos de eleitorado, assim como os votos dos católicos são de destinos diversos e as pesquisas mostram que esse voto está cada vez mais pulverizado. Porém a candidata Marina iria além das questões religiosas, defendendo incentivos financeiros em troca de uma adequação ambiental e se sentia descriminada por ser evangélica e conseguiu escapar do papel de figurante nessa eleição presidencial, propondo uma nova política que foi duramente criticada.
Marco Tulio observa que a fé possui um poder invisível. O ponto de vista religioso condena o aborto, o uso de droga e a união homoafetiva, e pondera que a Bíblia é o melhor manual de comportamento humano que existe. Ainda segundo o pesquisador, a intromissão do governo ou da igreja na vida privada é uma afronta a sociedade e uma ameaça a democracia.
“Diante das leis, pelo menos teoricamente, todos devemos ser iguais, independente das nossas opções individuais, sejam culturais, religiosas, sexuais, etc. Um estado laico não pode ser étnico e nem religioso”, explica o professor.


De acordo com Paul Freston, em seu livro “Religião e política, sim. Igreja e Estado não”, a comunidade evangélica brasileira é a segunda maior do mundo, ficando atrás somente dos Estados Unidos. No continente Europeu ao observar o crescimento da participação protestante na política nos países em desenvolvimento foi questionado como isso pode ser algo perigoso. Os relatos e análises podem ser conferidos no link: http://www.ultimato.com.br/file/capitulos/Religiao-Politica-cap1.pdf

                            

Influência da religião na política

                O estado é a expressão maior do poder, cabe a ele garantir a ordem e democracia tão requisitadas pela população.  Ao questionar com o professor e pesquisador de temas religiosos, Marco Túlio como ele vê as reformas feitas pelo estado e pela religião ao longo da história contemporânea, ele trata do assunto de forma prática.
Para o pesquisador, a religião vai aos poucos perdendo a sua força política, desde a época do renascimento cultural vem sendo assim, e a retomada da junção dos dois poderes é um fenômeno mais recente, pois até então se a igreja católica assumia alguma interferência na escolha de candidatos, os protestantes costumavam participar passivamente, com o surgimento e o fortalecimento de novas denominações. Isso acabou se revelando uma idéia falha ao invés do afastamento da política o que passou a vigorar foi a influência dos representantes sobre os irmãos ‘fiéis’.
O professor define que as entidades cristãs mostram cada dia mais potencial para influenciar os resultados políticos, mas ainda não abrange em grande proporção o numero de fiéis em votos. Apesar de o país ser laico a estrutura política brasileira sofre grande influencia da igreja. Essa mistura pode ser positiva, pois com o conhecimento que essas pessoas têm, elas poderão ajudar as pessoas que muitas vezes são esquecidas como, negros, mulheres e gays. Há, inclusive, igrejas que fazem campanhas para essa quebra de preconceito. Mas também pode ser negativa, igrejas impõem aos seus fiéis votarem em pessoas que muitas vezes não tem planos políticos e argumentos necessários para subir ao poder. Além de algumas, que incitam que os homossexuais são pecadores e doentes, não aceitando casamentos de pessoas do mesmo sexo, ou seja, perseguindo e criticando a maneira de ser e pensar dessa parcela da sociedade. Isso pode acarretar sérios problemas com a população levando até a repugnação dessas pessoas.
A tolerância é muito necessária na política para que se possa abordar os interesses individuais e das minorias, cabendo à religião se adequar as necessidades sociais.


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