Política
e religião são temas que costumam levantar discórdias e polêmicas apesar de
muita gente defender que isto não se discute. Ao questionar sobre a
participação de candidatos que se apoiam na religião como plataforma para a sua
candidatura, Marco Túlio de Souza, professor de comunicação na Universidade do Estado de Minas Gerais,
confirma que é uma participação perigosa quando esta se dá com o envolvimento
do clero se candidatando. Porque querendo ou não, existe certo tipo de relação
com a população que potencialmente vai ser seu eleitorado, pela relação que é
estabelecida entre o candidato e os frequentadores de cultos, do qual é oriundo
o suposto candidato.
Essa
relação é frequentemente criticada por parte da população, levando indivíduos a
tomarem decisões menos racionais e mais pautadas pela fé, direcionando essas
pessoas a acreditar que estão votando em um candidato que representa Deus e
desviando do princípio que a obrigação do candidato é defender os benefícios
sociais.
O
Professor enfatiza que não se deve apenas defender um nicho da população, nesse
caso os interesses das tradicionais famílias cristãs, e esquecendo as
necessidades das pessoas sem religião, mulheres divorciadas, homossexuais ou
outros pequenos grupos, que julgam não se adequar aos valores da tradicional
família cristã brasileira.
Política e Religião
Professor da UEMG analisa as problemáticas
acerca dos candidatos evangélicos
A polêmica em torno dos candidatos
evangélicos e do voto dos evangélicos de acordo com o professor e jornalista
Marco Túlio é que esse tipo de voto não é direcionado como se pensa. Existem
vários grupos de evangélicos ou protestantes no país, embora todos tenham a
reforma protestante como algo em comum, eles se distinguem entre os
tradicionais grupos protestantes oriundos da reforma ocorrida no século XV (a
exemplo a igreja presbiteriana), os pentecostais (mais representados pela
Assembléia de Deus) e os neopentecostais (destacando a influência da Igreja
Universal).
O entrevistado pondera que por toda
essa diversidade e diferentes formas de interpretação Bíblica não existe uma
padronização de votos. Com isso a candidata Marina, ou mesmo o Pastor Everaldo
e Levi Fidelix, não garantem nem mesmo os votos em potencial de seus principais
grupos de eleitorado, assim como os votos dos católicos são de destinos
diversos e as pesquisas mostram que esse voto está cada vez mais pulverizado.
Porém a candidata Marina iria além das questões religiosas, defendendo
incentivos financeiros em troca de uma adequação ambiental e se sentia
descriminada por ser evangélica e conseguiu escapar do papel de figurante nessa
eleição presidencial, propondo uma nova política que foi duramente criticada.
Marco
Tulio observa que a fé possui um poder invisível. O ponto de vista religioso
condena o aborto, o uso de droga e a união homoafetiva, e pondera que a Bíblia
é o melhor manual de comportamento humano que existe. Ainda segundo o
pesquisador, a intromissão do governo ou da igreja na vida privada é uma
afronta a sociedade e uma ameaça a democracia.
“Diante das leis, pelo menos teoricamente,
todos devemos ser iguais, independente das nossas opções individuais, sejam
culturais, religiosas, sexuais, etc. Um estado laico não pode ser étnico e nem
religioso”, explica o professor.
De
acordo com Paul Freston, em seu livro “Religião e política, sim. Igreja e
Estado não”, a comunidade evangélica brasileira é a segunda maior do mundo,
ficando atrás somente dos Estados Unidos. No continente Europeu ao observar o
crescimento da participação protestante na política nos países em
desenvolvimento foi questionado como isso pode ser algo perigoso. Os relatos e
análises podem ser conferidos no link: http://www.ultimato.com.br/file/capitulos/Religiao-Politica-cap1.pdf
Influência
da religião na política
O estado é a expressão
maior do poder, cabe a ele garantir a ordem e democracia tão requisitadas pela
população. Ao questionar com o professor
e pesquisador de temas religiosos, Marco Túlio como ele vê as reformas feitas
pelo estado e pela religião ao longo da história contemporânea, ele trata do
assunto de forma prática.
Para
o pesquisador, a religião vai aos poucos perdendo a sua força política, desde a
época do renascimento cultural vem sendo assim, e a retomada da junção dos dois
poderes é um fenômeno mais recente, pois até então se a igreja católica assumia
alguma interferência na escolha de candidatos, os protestantes costumavam
participar passivamente, com o surgimento e o fortalecimento de novas
denominações. Isso acabou se revelando uma idéia falha ao invés do afastamento
da política o que passou a vigorar foi a influência dos representantes sobre os
irmãos ‘fiéis’.
O
professor define que as entidades cristãs mostram cada dia mais potencial para
influenciar os resultados políticos, mas ainda não abrange em grande proporção
o numero de fiéis em votos. Apesar de o país ser laico a estrutura política brasileira
sofre grande influencia da igreja. Essa mistura pode ser positiva, pois com o
conhecimento que essas pessoas têm, elas poderão ajudar as pessoas que muitas
vezes são esquecidas como, negros, mulheres e gays. Há, inclusive, igrejas que
fazem campanhas para essa quebra de preconceito. Mas também pode ser negativa,
igrejas impõem aos seus fiéis votarem em pessoas que muitas vezes não tem
planos políticos e argumentos necessários para subir ao poder. Além de algumas,
que incitam que os homossexuais são pecadores e doentes, não aceitando
casamentos de pessoas do mesmo sexo, ou seja, perseguindo e criticando a
maneira de ser e pensar dessa parcela da sociedade. Isso pode acarretar sérios
problemas com a população levando até a repugnação dessas pessoas.
A
tolerância é muito necessária na política para que se possa abordar os interesses
individuais e das minorias, cabendo à religião se adequar as necessidades sociais.
Nenhum comentário:
Postar um comentário